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sábado, 3 de agosto de 2013

Leia e creia que já estamos libertos por Cristo de Jesus

A Síndrome da Maldição Hereditária


                               “Como te roguei, quando parti a Macedônia, que ficasse em Éfeso, para advertires a alguns que não ensinem outra doutrina, nem  se dêem a fábulas ou a genealogias intermináveis que mais produzem questões do que edificações de Deus, que consiste na fé: assim o faço agora”. 1 Tm 1.3,4

Vez por outra a família evangélica é atacada por algum modismo teológico pernicioso, antibíblico e inconseqüente e que, por ser diferente ou portar rotulagem chamativa, encanta e em pouco tempo faz muitos adeptos.

O novo surto é o da chamada maldição hereditária, uma doutrina que deixou um saldo negativo nos Estados Unidos, como pessoas frustradas, neurotizadas e outras em tratamento psiquiátrico, já que esse tipo de manipulação não deu resposta às crises da alma e nem mudou circunstâncias para que esperavam nele como revelação última da causa primeira dos males que afligem o indivíduo.

Parece que Paulo prognosticava o dia quando este tipo de doutrina chegaria para produzir “ questões” no meio do povo de Deus. No texto transcrito acima, o apóstolo se refere às genealogias intermináveis” , características da doutrina que tenta explicar os insucessos da vida, nos pecados praticados pelos ancestrais (pais, avós, bisavôs, tataravôs) e não poupa palavras para chamá-la de “outra doutrina”.


Os argumentos da maldição hereditária

A partir de Êxodo 20.5, onde o Senhor diz: “Porque eu o Senhor sou Deus zeloso, que visito a maldade dos pais nos filhos até a terceira e quarta geração daqueles que me aborrecem”, os expoentes da maldição hereditária desenvolvem uma hermenêutica em que julgam explicar a causa de orações não respondidas, bem como de acontecimentos fatídicos em sucessão como alcoolismo, prostituição ou enfermidades congênitas, asseverando tratar-se de maldições herdadas que precisam ser interrompidas pelo ritual de orações específicas de “quebra de maldições”.

Para dar corpo a essa teologia, recorrem a várias porções do Velho Testamento, ignorando duas coisas fundamentais. Primeira, que o Antigo Testamento trata com um povo oriundo de um patriarcado (abraâmico) formando uma só família e, segunda, que esse povo era regido por uma lei específica (mosaica), cujo cumprimento resultava em sansões positivas ou negativas (bênçãos ou maldição enquanto estavam debaixo de um plano divino que não podia ser frustrado.

Textos como Dt 11.26-29; Pv 26.2:; Lv 26.39.42; Ml 4.6; Gl 3.13 e outros são usados numa totalidade aos princípios hermenêuticos. Não revelam o contexto, o pano de fundo histórico cultural, os propósitos específicos de Deus em cada situação e, acima de tudo, o espaço indevido que esta pretensa teologia quer ocupar no escopo geral da doutrina que rege a fé cristã, dando-nos a certeza de que é presunção.

Reforçam, outrossim, seu argumento, pela ilustração de famílias que exibem uma história de tragédias, enfermidades ou traços comportamentais peculiares. Um desses exemplos é o paralelo traçado entre Max Jukes e Jonathas Edwards. O primeiro, um homem perverso que desenvolveu uma linhagem de filhos, netos e bisnetos dados à bebedeira, à prostituição e ao crime, e o segundo que procede do grande pregador Jonathas Edwards, cujos descendentes notabilizam pela fé, intelectualidade e a respeitabilidade ao contar, inclusive, com um vice-presidente dos Estados Unidos.

Nos seus meandros, a doutrina da maldição hereditária desperta seus clientes para algumas práticas que fazem parte do seu jogo de amaldiçoar e de libertar. Uma delas é chamada cura interior, onde a pessoa tem que libertar seus recalques pela lembrança e confissão de pecados guardados no inconsciente. Para dar curso às origens, praticam regressão mental até a idade uterina. Outra prática é a de pronunciar bênçãos, pois crêem que há poder mágico nas palavras. Se um pai, descuidado, numa hora de ira, disser ao seu filho que se recusa a fazer os deveres escolares de casa: “ Você é um preguiçoso, menino, não vai ser nada na vida” , saiba que o seu filho terá interrompido ai a garantia de seu sucesso, a menos que em tempo esse pai se retrate e faça uma confissão positiva sobre o filho, pois a última declaração cancela a anterior. Em suma, sua palavra é tão poderosa quanto a de Deus.



Por que este ensino é legítimo?

1º) Nenhum ensino destinado à vida da igreja deixa de constar no Novo Testamento. Jesus nunca exigiu que qualquer pecador que fosse a ele, renunciasse os pecados de seus ancestrais. O procedimentos dos apóstolos foi o mesmo. Jamais tocaram neste assunto. Não é possível que o Espírito Santo tivesse omitido esta instrução se fosse necessária à plena libertação dos filhos de Deus. Também não teria deixado esta matéria no obscurantismo durante vinte séculos e só agora viesse trazer à tona por meio de alguns “iluminados”.

2º) Assemelha-se à doutrina dos espíritas no que tange ao “carma” e a dos mórmons que vasculham a história de vida dos antepassados a fim de se redimirem por eles pelo “batismo” pelos mortos”.

3º) Se houvesse um tal poder mágico nas palavras, a língua teria sido consagrada pela generalidade na guerra dos interesses humanos, prescindindo de qualquer outro instrumento ou arma para derrotar o concorrente. A proposta de Lúcifer (Gn 3.5) não seria como Deus.

4º) Seu apelo maniqueísta de que todo mal procede do diabo oblitera a relativização do bem e do mal oriundos da soberana vontade de Deus. O que para nós parece ser mau, como lutas e precações, pode ser um bem aos olhos de Deus, que tem seus próprios métodos de tratar com seus filhos. Além do mais, as maldições prometidas no Antigo Testamento não recairão sobre os desobedientes por ação de satanás, mas do próprio Deus. Leia os textos dados.

5º) Para ser específico, o texto carro chefe (Ex.20.5) trata da maldição futura no caso de pecado de idolatria para com os descendentes de Abraão.

6º) A maldição no templo da lei visava coibir os crentes contra a possibilidade de se desviarem para outros deuses, mas: Cristo nos resgatou da  maldição da lei, fazendo-se maldição por nós...” Gl 3.23. Portanto, em  cRisto, o assunto da maldição já está encerrado.


7º) No Antigo Testamento, desenvolveu-se a crença na maldição hereditária como folclore (cultura popular espontânea) e não como revelação.
Ezequiel profetiza contra isto e proíbe o povo de repetir o que ele chama de provérbio ou parábola. “Que tendes vós, vós que dizeis esta parábola: Os pais comeram uvas verdes e os dentes dos filhos se embotaram. Vivo eu,  diz o Senhor Jeová, que nunca mais direis esta parábola em Israel”. Ez 18.2,3. Jeremias faz o mesmo e anuncia um tempo quando a lei da maldição hereditária (de Ex. 20.5, pela idolatria) seria trocada por uma aliança melhor. Jr 31.29-33.

8º) Para reforçar a negação divina dessa doutrina, o profeta Ezequiel , o profeta Ezequiel ilustra com uma sucessão familiar de três gerações descombinadas. Um pai bom e cumpridor da lei, um filho mau e descumpridor da lei e um neto avesso do pai, concluindo com uma prevenção à possibilidade de uma indagação reclonária no seu místico povo: “Contudo dizeis: Por que não levará o filho a iniqüidade do Pai? Ora, se o filho proceder com retidão e justiça e guardar todos os meus estatutos e os cumprir certamente viverá. A alma que pecar, essa morrerá; o filho não levará a iniqüidade do pai nem o pai levará a  iniqüidade do filho, a justiça do justo ficará sobre ele e a impiedade do ímpio cairá sobre ele”, Ez 18.19,20.

9º) Outro grande exemplo está na sucessão dos reis de Judá e de Israel. Lê-se com freqüência sobre o comportamento ético-espiritual de cada rei: “Fez o que era reto aos olhos do Senhor”, ou “Fez o que era mau aos olhos do Senhor” e isto em simultaneidade nos herdeiros dos respectivos tronos. Nem sempre o filho era igual ao pai.

10º) Abraão, Isaque e Jacó embora estivessem em condição privilegiada no plano de Deus, para com a nação especial que deles sairia, mentiram. Não foi com “quebra de maldição” via “oração poderosa”, que se mudou isto,mas com a integridade moral na vida de José do Egito.

11º) A crença na maldição hereditária nega a eficácia do Calvário, desconfia dos efeitos do novo nascimento e, antes de se apegar à verdade, desenvolve a superstição entre o povo de Deus reduzindo sua capacidade de pensar e de entender que as tais maldições relacionam-se a aspectos culturais familiares ou arquétipos genéticos (quando se trata de enfermidades congênitas) e não a forças ocultas que incidem espiritualmente sobre as descendências até ao instante de sua respectivas quebras.

12º) Trata-se de “outro evangelho” (2 Co. 11.3,4), “outra doutrina” (1 Tm 1.3,4), nada havendo de ortodoxo, ademais “Se alguém está em Cristo, nova criatura é, as coisas velhas se passaram, eis que tudo novo se fez novo”, 2 Co 5.17.

13º) Se Paulo nos serve modelo por que não fazer como ele? – “... uma coisa faço, e é que, esquecendo-me das coisas que para trás ficam e avançando para as que estão diante de mim, prossigo para o alvo pelo prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus”. Fl.3.12,14.





Pr. Walter Brunelli.

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